Vagueia-se pela calçada na verdade de quem a tem por íntima tantas foram as vezes que ela a vida presenciou. Há uma qualquer mística nas zonas mais antigas desta cidade, como se nas ruelas estreitas encontrássemos um pedaço ido. Quando me quero ida de mim e a mim retornar escolho sempre as ruas da baixa. Há nelas a melancolia que precede a consciência, um qualquer sossego imaterial que conforta e aplaca. Gosto de me perder nelas a fim de as ver com os olhos de quem repara, e há sempre um varadim novo, uma qualquer janela habitada, um gato, uma montra antiga que ainda luta orgulhosamente e me devolve a infância, um cheiro viagem, um olhar que nos saúda cúmplice se encontra a mesma beleza, a mesma sede de calma, os mesmos estranhos desígnios de uma cidade com alma.
Texto de Susana Berardo.
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