Escrevo por dentro do frio que nos habita, para que a máscara se rompa, e o branco das noites que nos furam os olhos descerre a mandíbula hirta. Há tanto que nem sabemos ver mais de perto, a miopia cardíaca estreitou-nos o nome, e os meus dentes são presas que não enfeitam mais o sorriso. Tudo o que nos dizemos agora morre à nascença, no gelo da boca. É tão curta a visão periférica, hoje. Já nem sei de outra amplitude que não a sonora, quando nos gestamos em gritos, como se apenas num berro nos soubéssemos caber. Trazemos as cãs no peito, meu Amor, gastámo-nos a cor na neblina dos dias, e tudo em nós é invernia.
Texto de Susana Berardo
[foogallery id=”21443″]
Sessão fotográfica para Cruz Oculista
Modelos – Bruna Cunha e Daniel Coca | Maquilhagem – Vanessa Kuzer | Cabelo – Carlos Gago | Styling – Daniel Casteleira
Se gostou deste post, partilhe com os seus amigos!